HISTÓRIA DO BRASIL -- ANTROPOFAGIA E CANIBALISMO

09/04/2011 13:06

CANIBALISMO:

 

Canibais: Comedores de gente

O canibalismo acompanha a humanidade desde a Pré-História. Normalmente, o hábito de devorar semelhantes tem a ver com rituais e crenças. Mas às vezes é questão de fome ou, urgh!, gosto.

Ao encontrar vestígios de corpos humanos nas cavernas do monte Longuu, na China, em 1920, os arqueólogos ficaram intrigados: alguns esqueletos do chamado Homem de Pequim, com idade estimada em cerca de 500 mil anos, mostravam que os cadáveres haviam sido esquartejados após a morte. Novos exames mostraram que muitos ossos apresentavam marcas de que haviam sido descarnados com ferramentas de pedra lascada. Em vários deles, em especial os mais longos, como os fêmures, era possível identificar ainda que as extremidades encontravam-se cortadas ou esmagadas, como se quem houvesse feito o serviço estivesse com a clara intenção de extrair-lhes a medula óssea – popularmente conhecida como tutano. Aqueles eram indícios mais que suficientes para que os especialistas chegassem à seguinte conclusão: o Homo erectus pekinensis era um voraz adepto do canibalismo.

A descoberta coincidia com outros achados semelhantes, provenientes de escavações em sítios arqueológicos europeus que também continham vestígios de hominídeos. Em todos eles, as pistas apontavam para a mesma direção: nossos mais remotos antepassados não hesitavam em se banquetear com um bom naco de carne retirado do cadáver de outro indivíduo da própria espécie. Por mais que hoje a idéia nos revire o estômago, os cientistas calculam que o hábito de comer carne humana é tão antigo quanto a própria aventura do homem sobre a Terra.

Mais impressionante ainda é a constatação de que a antropofagia, ao contrário do que se pensa, não seria um costume restrito a locais isolados ou tempos imemoriais. Estudos comprovam que, ao longo de toda a história, o canibalismo acompanhou a humanidade, em diversos momentos, em diferentes civilizações e pelos mais distintos motivos. Dos indígenas anasazi, nos Estados Unidos – que assavam crânios humanos para depois saborear-lhes o cérebro suculento – aos moradores da ilha Bau, no Pacífico – que inseriam pedras aquecidas nos corpos para garantir um uniforme cozido –, a antropofagia se manifestou em todos os continentes.

Recém-lançado no Brasil, o livro Devorando o Vizinho – Uma História do Canibalismo, escrito pelos historiadores americanos Daniel Diehl e Mark P. Donnelly, faz um inventário assustador desse banquete macabro. Mais que isso: baseados numa extensa pesquisa, os autores desmontam a crença comum de que a antropofagia, feita como prática cultural, esteja unicamente ligada a rituais mágicos e religiosos.

É inegável que os exemplos mais conhecidos de canibalismo estão mesmo relacionados a celebrações e homenagem a deuses, mas muitos povos incluíram a carne humana em seu cardápio fora das ocasiões ritualísticas. No princípio, lançaram mão desse recurso como desesperada forma de sobrevivência, após serem submetidos a situações extremas de fome. Depois de experimentar o gosto dos semelhantes, entretanto, alguns desses agrupamentos passaram a apreciar, verdadeiramente, a estranha iguaria no dia-a-dia. “Existiram sociedades em que se consumiu carne humana pelo sabor”, afirmam Diehl e Donnelly.

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Entre as práticas de canibalismo relacionadas a rituais mágicos estão aquelas que foram observadas em grupos indígenas do Brasil. O mais antigo e pitoresco relato histórico a esse respeito é o de Hans Staden, o náufrago alemão que caiu nas mãos dos tupinambás em 1547. Quando, enfim, conseguiu escapar do caldeirão e retornar à Europa, Staden publicou um livro sobre os brasileiros devoradores de gente. “Deram voltas em torno de mim e apalparam minha pele. Um deles disse que o couro de minha cabeça era dele; um outro, que minha coxa lhe pertencia”, escreveu o alemão em um dos capítulos de seu História Verídica e Descrição de uma Terra de Selvagens, Nus e Cruéis Comedores de Seres Humanos.

Há notícias de que alguns povos desenvolveram uma nouvelle cuisine do canibalismo. Nativos das ilhas de Fiji, no Pacífico, cozinhavam corpos inteiros em panelões de cerâmica, devidamente temperados com ervas aromáticas selecionadas. Os índios paucuras, da Amazônia, tratavam de alimentar os prisioneiros com frutas frescas e vegetais, para dar mais sabor, textura e aroma à carne.

Mas foi por causa das então Pequenas Antilhas, hoje conhecidas como Caribe, que o termo “canibal” entrou definitivamente para os dicionários. Isso porque os guerreiros de uma tribo local, adepta da antropofagia, referiam-se a si próprios como caribas (“corajosos”, no idioma local). No século 16, a palavra soou para os ouvidos dos conquistadores espanhóis como “caniba”. O termo generalizou-se e, por extensão, “canibal” passou a definir todas os povos que praticavam a antropofagia, de forma indistinta.

A notícia de que alguns habitantes do Novo Mundo assavam, escaldavam e defumavam pessoas – ou simplesmente as comiam cruas – veio a calhar para os propósitos expansionistas dos colonizadores europeus. Era preciso, portanto, “civilizar” a terra recém-descoberta, ainda que, para tal, fosse necessário dizimar a população local. Enquanto isso, para os nativos, a Eucaristia cristã é que parecia uma atroz barbaridade. Os astecas, por exemplo, que não hesitavam em se regalar do sangue que jorrava dos sacrifícios humanos, achavam repugnante o fato de o homem branco comer seu próprio Deus, na forma de uma hóstia sagrada.

Canibal de ocasião

Os ritos que envolvem a antropofagia baseiam-se em dois padrões básicos. O primeiro e mais conhecido deles, chamado de “exocanibalismo”, foi identificado tanto entre os tupinambás brasileiros quanto entre antigos celtas da Grã-Bretanha: ao se devorar a carne de alguém de outra tribo, os guerreiros acreditavam ingerir também a força, a coragem e a sabedoria de seu oponente. Já o segundo padrão, o “endocanibalismo”, foi observado em menos ocasiões: ao retalhar e devorar o corpo de um ente querido durante o funeral, os membros de algumas civilizações, a exemplo de certos aborígenes australianos, consideravam estar prestando uma homenagem carinhosa à memória do falecido.

Mas também existem os canibais de ocasião, como explicam os autores de Devorando o Vizinho: “Quando não há outro alimento disponível, e a diferença entre a vida e a morte está na capacidade de superar as implicações morais contra o consumo de carne humana, em geral a moralidade é posta de lado”. Um dos exemplos mais eloqüentes ocorreu no Egito, por volta de 1200. Uma grande estiagem, seguida de um surto de epidemias, derrubou o tabu do canibalismo. Segundo o registro histórico do médico Abd Al-Latif, corpos de crianças eram vendidos em mercados públicos do Cairo.

 

A fome é o melhor tempero

"Civilizados"também comeram seussemelhantes

Em 1972, por 70 dias, os sobreviventes da queda de um Fairchild F-227 uruguaio foram submetidos ao frio e à fome extrema. Das 40 pessoas a bordo, pelo menos dez morreram quando a aeronave caiu na cordilheira dos Andes. Outras ficaram severamente feridas. O pequeno estoque de comida do serviço de bordo logo acabou e o grupo passou cerca de dois meses no fundo de um desfiladeiro, a 4 mil metros de altura. Foi então que dois deles resolveram sair em busca de socorro. Depois de caminhar por quilômetros, a dupla conseguiu fazer contato com a civilização e todos foram resgatados. Dezesseis, ao todo, haviam resistido. Barbudos e maltrapilhos, explicaram que haviam se alimentado de ervas colhidas no local. Mas a verdade logo veio à tona. Eles haviam comido a carne dos companheiros mortos. A história ficou famosa. Virou livro, depois filme (Sobreviventes dos Andes, de 1976, e Vivos, de 1993). Mas não foi o único caso de canibalismo registrado em situação de desastre. Em 1816, a fragata francesa Medusa naufragou a caminho do Senegal. Os 150 sobreviventes se apinharam em um pedaço do casco e passaram dias à deriva. Após desentendimentos constantes, apelaram para a antropofagia: os que eram assassinados durante as brigas eram imediatamente devorados pelos demais. Em 1884, o iate inglês Mignonette estava a caminho da Austrália quando naufragou durante uma tempestade ao dobrar o cabo da Boa Esperança, no sul da África. Depois de cinco dias, sem água potável e sem comida, um dos quatro homens adoeceu de desidratação, após entrar em desespero e beber a água do mar. Os outros três decidiram abreviar o sofrimento do companheiro agonizante e, ao mesmo tempo, saciar a própria fome. Esfaquearam-lhe na garganta e comeram toda a sua carne. Por quatro dias, alimentaram-se do corpo do colega, antes de jogar sua carcaça ao mar. Depois de quase um mês perdidos no oceano, foram resgatados por um navio alemão. Ao confessarem o que haviam feito para manter-se vivos, foram julgados e condenados por assassinato. Alegaram, em sua defesa, que agiram em uma situação-limite, na qual não tinham controle e consciência absoluta de seus atos. Também argumentaram que o amigo já estava às portas da morte e apenas haviam diminuído sua agonia. Quanto ao canibalismo em si, defenderam-se com a afirmação de que aquela foi a única forma que encontraram para não morrer de fome. O juiz do caso, apesar do veredicto contrário aos réus, apelou para que a rainha Vitória analisasse o caso e reduzisse a pena imposta pelo júri. Ela determinou que os homens deveriam ficar encarcerados apenas seis meses e, ao fim desse prazo, ser libertados.

A carne é fraca

Uma galeria decanibais modernos que chocaram o mundo

Georg Grossman

Durante a crise econômica vivida pela Alemanha depois da Primeira Guerra, a carne animal era produto raro na praça. Talvez por isso, as salsichas fabricadas pelo açougueiro Georg Grossman, vendidas a um preço camarada na estação ferroviária da cidade de Neuruppin, faziam tanto sucesso entre os alemães. O que ninguém sabia era que elas eram produzidas com a carne das prostitutas que o açougueiro costumava levar para casa. Depois de fazer sexo com as mulheres, ele as matava, colocava a carne num moedor, separava alguns quilos para consumo próprio e vendia o resto na forma de salsichas – bem, ninguém podia acusá-lo de usar papelão. Em uma noite de 1921, os vizinhos ouviram gritos agudos na casa de Grossman e fizeram uma denúncia. A polícia foi até a residência e encontrou quatro cadáveres humanos desmembrados. Numa frigideira, sobre o fogão, havia dezenas de dedos femininos prontos para serem fritos, como se fossem reles nuggets de frango.

Issei Sagawa

Japonês, fazia doutorado em Literatura Inglesa na Sorbonne, tradicional universidade parisiense. Certa noite, aos 32 anos, em 1981, ele convidou uma colega de classe para um jantar oriental na casa dele. A moça não sabia que, em vez de sushis e sashimis, ela seria o prato principal. Sagawa a matou e comeu, literalmente. Parte crua, parte frita com sal, mostarda e pimenta. Depois de ficar internado em um manicômio, o canibal nipônico foi posto em liberdade. Escreveu um livro a respeito do episódio, In the Fog (“Sob a névoa”, inédito no Brasil), que virou cult entre os leitores japoneses. A obra vendeu 200 mil exemplares e foi adaptada para mangá. Sagawa virou celebridade em seu país e chegou a escrever a coluna de gastronomia de uma revista.

Jeffrey Dahmer

Ele abordava jovens homossexuais em bares. Chamava-os até seu apartamento sob o pretexto de assistir a filmes pornôs, fazer fotografias eróticas ou ver sua coleção de borboletas. Mas os drogava, tirava suas roupas e depois os matava estrangulados ou com golpes de faca. Fazia sexo com os cadáveres e em seguida os dissecava. As “carnes nobres” eram colocadas na geladeira em sacos plásticos, com etiquetas que diziam “para comer mais tarde”. Os ossos e a carcaça das vítimas eram dissolvidos com ácido, mas os crânios eram limpos e guardados, como em uma coleção. Os órgão genitais também eram conservados, em formol, como bibelôs. Depois de fazer 17 vítimas, Dahmer deixou escapar uma “presa” que procurou a polícia. Ele foi preso em 1991 – a notícia chocou os Estados Unidos – e acabou condenado a 957 anos de prisão. “Era apenas uma ânsia, uma fome. Não sei como descrever, era uma compulsão”, confessou no tribunal. Dahmer acabou morto por outro preso – um esquizofrênico que dizia ser a reencarnação de Jesus Cristo.

Armin Meiwes

“Refoguei o filé de Bernd com sal, pimenta, alho e noz-moscada.” Parece (é?) papo de gourmet, mas o técnico de computação alemão se refere à carne de uma pessoa que se ofereceu para ser comida – no sentido bíblico. Em 2001, Meiwes pôs um sinistro anúncio na internet: “Venha para mim e eu comerei sua deliciosa carne”. Nada menos que 430 malucos responderam ao carinhoso chamado. Meiwes escolheu o engenheiro Bernd Juergen, 43 anos, residente em Berlim, que tomou um trem até Rotenburgo, onde o amigo virtual e comilão morava. Fizeram sexo e, depois de a vítima tomar dez analgésicos, Meiwes cortou seu pênis e fritou no óleo. Tentaram comer juntos, mas a carne era rígida e desistiram do almoço. Então, Juergen desmaiou, foi morto e esquartejado. Sua carne foi colocada no congelador e alimentou Meiwes ao longo de vários meses. Quando o suprimento acabou, o “Canibal de Rotenburgo” pôs novo anúncio na internet, em dezembro de 2002, e foi descoberto pela polícia. “A carne tem sabor de porco, um pouco mais amarga e fort Tem um gosto bom”, disse Meiwes em sua primeira entrevista depois de ser condenado.

 

ANTROPOFAGIA:

 

ANTROPOFAGIA NO BRASIL

 

Em 1554 um alemão foi capturado por índios brasileiros e depois milagrosamente, depois de orar muito a Deus, conseguiu ser libertado e voltou para a Alemanha, onde escreveu um livro contando sua aventura incrível no Brasil recém-descoberto. Vejamos o que diz o site www.virtualbooks.terra.com.br/doc_historicos/doc_historicos_
carta.htm:




“Imaginem ser capturado no Brasil do século 16 por
um aborígine chamado Nhaepepô-açu ,”Panela Grande”,
e, pior ainda, ser dado em seguida de presente a
um outro, de nome Ipirú-guaçu, o “Tubarão grande”!
Nada de esperançoso, pois, aguardava o pobre Hanz
Staden, um alemão do Hesse que, embarcado para cá,
caíra aprisionado pelos tupinambás, no ano de 1554.
Não satisfeitos em ameaçar devorá-lo a qualquer instante,
os seus captores, depois de terem-no levado
para a aldeia deles em Ubatuba, arrastavam-no para
que presenciasse as cerimônias antropofágicas que
realizavam. Certa vez, carregaram-no até a aldeia de
Tiquaripe, perto de Angra dos Reis, para ver um dos
seus inimigos ter a cabeça esmagada pelo ibirapema,
o tacape de execuções. Logo em seguida, assistiu os
restos do bravo serem rapidamente deglutidos pela
tribo inteira, embriagada previamente com licor de
raízes de abatí ... Staden, além de banir do seu relato qualquer menção
à zoologia fantástica, pediu a um conhecido seu do
Hesse, um tal de Dryander, que assegurasse a veracidade
do conteúdo do livro. O alemão, “ébrio de um
sonho heróico e brutal”, viera a dar com os costados
no Brasil para satisfazer seu gosto pela aventura, para
ver de perto as maravilhas que escutara na Europa
sobre o Novo Mundo descoberto ... “

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